segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

1º de Dezembro - Dia Mundial de combate á AIDS

“Combate ao Preconceito e ao Estigma”

Transformar o 1º de dezembro em Dia Mundial de Luta Contra a Aids foi uma decisão da Assembléia Mundial de Saúde, em outubro de 1987, com apoio da Organização das Nações Unidas - ONU. A data serve para reforçar a solidariedade, a tolerância, a compaixão e a compreensão com as pessoas infectadas pelo HIV/Aids. A escolha dessa data seguiu critérios próprios das Nações Unidas. No Brasil, a data passou a ser adotada a partir de 1988.
O preconceito e a discriminação contra as pessoas vivendo com HIV/Aids são as maiores barreiras no combate à epidemia, ao adequado apoio, à assistência e ao tratamento da Aids e ao seu diagnóstico. Os estigmas são desencadeados por motivos que incluem a falta de conhecimento, mitos e medos. Ao discutir preconceito e discriminação, o Ministério da Saúde espera aliviar o impacto da Aids no País. O principal objetivo é prevenir, reduzir e eliminar o preconceito e a discriminação associados à Aids. O Brasil já encontrou um modelo de tratamento para a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida, que hoje é considerado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) uma referência para o mundo. Agora nós, brasileiros, precisamos encontrar uma forma de quebrarmos os preconceitos contra a doença e seus portadores e sermos mais solidários do que somos por natureza. Acabar com o preconceito e aumentar a prevenção devem se tornar hábitos diários de nossas vidas.


O que é Aids?
Uma deficiência no sistema imunológico, associada com a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana HIV – (Human Immunodeficiency Virus), provocando aumento na susceptibilidade a infecções oportunísticas e câncer.
Transmissão:-
O vírus HIV pode ser transmitido pelo sangue, leite materno;- relações sexuais homo ou heterossexuais sem proteção da camisinha, transmitem a Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis e alguns tipos de hepatite;- compartilhamento de seringas entre usuários de drogas injetáveis;- transfusão de sangue contaminado;- instrumentos que cortam ou furam, não esterilizados;- da mãe infectada para o filho, durante a gravidez, o parto e a amamentação.
Tratamento:

Atualmente a terapia com os chamados “anti-retrovirais” proporciona melhoria da qualidade de vida, redução da ocorrência de infecções oportunísticas, redução da mortalidade e aumento da sobrevida dos pacientes. (Os anti-retrovirais são medicamentos que suprimem agressivamente a replicação do vírus HIV).
Fique sabendo:A Aids não é transmitida pelo beijo, abraço, toque, compartilhando talheres, utilizando o mesmo banheiro, pela tosse ou espirro, praticando esportes, na piscina, praia e, antes de tudo, não se pega aids dando a mão ao próximo, seja ele ou não soropositivo.

Especialistas: Brasil é referência no tratamento da aids
O Brasil tem feito, com sucesso, com que as pessoas tenham acesso aos tratamentos da aids e se transformou em uma referência latino-americana pelo compromisso político de acesso universal a remédios anti-retrovirais, disseram neste domingo vários especialistas na doença.
A chilena Raquel Child, especialista em prevenção da aids do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), destacou que o Brasil, com 730 mil soropositivos, mantém "uma das respostas mais antigas e comprometidas" contra a epidemia.
Child destacou que o Brasil começou "com o tratamento anti-retroviral com cobertura universal" no início da epidemia, à qual destinou recursos próprios e empréstimos de organizações multilaterais, como o Banco Mundial.
A especialista do UNFPA também destacou que "houve permanentemente uma associação no trabalho entre o governo e a sociedade civil", que foi muito forte e ativa, incorporada plenamente às políticas governamentais.
Isso permitiu um "crescimento da epidemia notavelmente inferior às previsões iniciais", apesar de o Brasil concentrar 40% das pessoas com aids na região.
Em um primeiro momento, o vírus era transmitido entre homens que mantinham relações sexuais com outros homens, mas depois se descobriu que ele também se espalhava entre mulheres e usuários de drogas injetáveis, segundo o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids (Unaids, em inglês).
O último relatório mundial do Unaids ressalta que o Brasil tem aplicado "um enfoque simultâneo em assegurar o acesso aos serviços tanto de prevenção quanto de tratamento do HIV, ajudando a manter estável sua epidemia".
Além disso, considera um êxito o fato de o acesso generalizado ao tratamento anti-retroviral a todos os soropositivos brasileiros ter reduzido pela metade a taxa de mortalidade por aids entre 1996 e 2002.
Sobre isso, o secretário-geral adjunto da ONU e diretor-executivo do Unaids, Peter Piot, destacou antes da 17ª Conferência Internacional sobre Aids ("Aids 2008"), que começa hoje, os "impressionantes progressos" registrados no Brasil no tratamento com anti-retrovirais.
"Foi um dos pioneiros nesta região", disse Piot. Atualmente, o governo gasta US$ 500 milhões com esses produtos farmacêuticos.
Uma singularidade a mais do Brasil na luta contra a aids explicada pela diretora do Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmitíveis (DST) e Aids, Mariângela Simão, foi a quebra de patentes.
Segundo a especialista, quando o governo declara que um remédio é um assunto de emergência nacional ou de interesse público, "permite que esses remédios sejam utilizados sem patente".
Isso permitiu que 80% dos anti-retrovirais consumidos pelos brasileiros sejam produzidos no País.
Para o diretor regional do Programa Unaids na América Latina, César Núñez, o Brasil tem no compromisso político do governo outro pilar crucial contra a aids.
O País conta com "uma abordagem de cima para baixo, do presidente (Luiz Inácio) Lula (da Silva), uma pessoa muito comprometida, e de uma sociedade civil muito engajada", disse.
Além disso, este enfoque é multissetorial, o que implica no envolvimento simultâneo da resposta à aids dos Ministérios da Saúde, Cultura, Educação e até da Defesa.
Segundo Núñez, o Brasil "responde muito bem aos três elementos de acesso universal" contra o HIV: a prevenção, o tratamento e o cuidado e atendimento às pessoas com o vírus.
No entanto, reconhece que ainda "é preciso fazer um esforço" maior em prevenção. "Simplesmente a epidemia levaria uma vantagem", disse.
Dois aspectos destacados pelo diretor regional do Unaids na América Latina é o interesse mostrado pelo Brasil na cooperação internacional, especialmente com a África.
O País trabalha com os países de língua portuguesa da África para facilitar os tratamentos na África Subsaariana, a região com a maior incidência mundial de aids.
À parte de isso, desde 1996 foi muito ativo no Grupo de Cooperação Técnica Horizontal, que reúne os diretores de programas contra a aids na América Latina.

A Aids no Brasil

De 1980 a junho de 2007 foram notificados 474.273 casos de aids no País – 289.074 no Sudeste, 89.250 no Sul, 53.089 no Nordeste, 26.757 no Centro Oeste e 16.103 no Norte. No Brasil e nas regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste, a incidência de aids tende à estabilização. No Norte e Nordeste, a tendência é de crescimento. Segundo critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil tem uma epidemia concentrada, com taxa de prevalência da infecção pelo HIV de 0,6% na população de 15 a 49 anos.
Em 2006, considerando dados preliminares, foram registrados 32.628 casos da doença. Em 2005, foram identificados 35.965 casos, representando uma taxa de incidência de 19,5 casos de aids a cada 100 mil habitantes.
O Boletim Epidemiológico 2007 trouxe, pela primeira vez, dados sobre a proporção de pessoas que continuaram vivendo com aids em até cinco anos após o diagnóstico. O estudo foi feito com base no número de pessoas identificadas com a doença em 2000. Os dados apontam que, cinco anos depois de diagnosticadas, 90% das pessoas com aids no Sudeste estavam vivas. Nas outras regiões, os percentuais foram de 78%, no Norte; 80%, no Centro Oeste; 81%, no Nordeste; e 82%, no Sul.
A análise mostra, ainda, que 20,5% dos indivíduos diagnosticados com aids no Norte haviam morrido em até um ano após a descoberta da doença. No Centro Oeste, o percentual foi de 19,2% e no Nordeste, de 18,3%. Na região Sudeste, o indicador cai para 16,8% e, no Sul, para 13,5%. A média do Brasil foi de 16,1%. Em números absolutos, o Brasil registrou 192.709 óbitos por aids, de 1980 a 2006, considerando que os dados do ano passado ainda são preliminares.
Na série histórica, foram identificados 314.294 casos de aids em homens e 159.793 em mulheres. Ao longo do tempo, a razão entre os sexos vem diminuindo de forma progressiva. Em 1985, havia 15 casos da doença em homens para 1 em mulher. Hoje, a relação é de 1,5 para 1. Na faixa etária de 13 a 19 anos, há inversão na razão de sexo, a partir de 1998.
Em ambos os sexos, a maior parte dos casos se concentra na faixa etária de 25 a 49 anos. Porém, nos últimos anos, tem-se verificado aumento percentual de casos na população acima de 50 anos, em ambos os sexos.
Em 2005, foram identificados 700 casos de aids na população de menores de cinco anos, representando taxa de incidência de 3,9 casos por 100 mil habitantes. Em 2006, foram registrados 526 casos em menores de 5 anos, mas esse número provavelmente está subnotificado. Considerando as regiões, a taxa de incidência é maior no Sul (6,1), seguido do Sudeste (4,4); Nordeste (3,1); Norte (2,7) e Centro Oeste (2,6).
Do total de 192.709 óbitos por aids identificados no Brasil (1980-2006*), a maioria foi no Sudeste, com 131.840 mortes em decorrência da doença. Em seguida, vêm Sul (28.784), Nordeste (18.379), Centro Oeste (8.738) e Norte (4.968).
Em 2004, pesquisa de abrangência nacional estimou que no Brasil cerca de 593 mil pessoas, entre 15 a 49 anos de idade, vivem com HIV e aids (0,61%). Deste número, cerca de 208 mil são mulheres (0,42%) e 385 mil são homens (0,80%).
A mesma pesquisa mostra que quase 91% da população brasileira de 15 a 54 anos citou a relação sexual como forma de transmissão do HIV e 94% citou o uso de preservativo como forma de prevenção da infecção. O conhecimento é maior entre as pessoas de 25 a 39 anos, entre os mais escolarizados e entre as pessoas residentes nas regiões Sul e Sudeste.
Os indicadores relacionados ao uso de preservativos mostram que aproximadamente 38% da população sexualmente ativa usou preservativo na última relação sexual, independentemente da parceria. Este número chega a 57% quando se consideram apenas os jovens de 15 a 24 anos. O uso de preservativos na última relação sexual com parceiro eventual foi de 67%. A proporção comparável em 1998 foi de 63,7%.

Nenhum comentário: