sexta-feira, 21 de junho de 2013

Sexta-feira, 21 de junho de 2013

Rodrigão 

Oliveira

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As Manifestações Populares no Brasil.

As manifestações populares que tomaram conta de nossa nação nos últimos dias, ganharam as mídias, as redes sociais e as ruas. Coisas que a cultura social brasileira vinha dando tanta importância no decorrer dos anos, foram deixadas em planos inferiores como o mundo ilusório das novelas e o universo dos Reality shows que lamentavelmente movimentavam e uniam a sociedade em objetivos tão fúteis e sem objetivo. Até o tão amado futebol, esporte popular e apreciado por mais de 90 % da população, perdeu a prioridade no coração dos Brasileiros, depois que a sociedade foi para as ruas não para comemorar mais um gol do Neymar ou mais uma vitória da seleção, mas para unir as forças e as vozes num grito clamando por revolução e transformação social. A copa das confederações, realizada no país do futebol com a presença da mídia de vários países do mundo, já não é a principal pauta das manchetes. 

É bem verdade, que essas manifestações, não nasceram simplesmente na luta pelo contra o aumento das tarifas de passagem, mas são o resultado de anos de descaso e desrespeito de parte de nossos governantes com a nossa sociedade. 
A incoerência nas ações, a péssima forma de governar e fazer política adotada por alguns partidos e seus representantes vem ao longo dos anos, alimentando no coração de cada Brasileiro um sentimento novo que misturou repúdio, falta de esperança, opressão e até ódio. Esse sentimento unificado, alimentado fortemente pela impunidade aos parlamentares Brasileiros que têm se mantido no poder mesmo após denúncias comprovadas de corrupção e enriquecimento ilícito, chegou a um nível insuportável e os corações Brasileiros tão atingidos e maltratados, resolveram dar um grito de Basta. 
O sentimento cresceu, não aguentou mais ficar somente no coração e transbordou para as ruas. A luta agora tem uma proporção muito maior e o povo busca o reconhecimento de suas aspirações através da liberdade de expressão que é bem-vinda em todo ambiente democrático. As manifestações constituem-se em uma forma legítima de se alcançar metas de direitos básicos de cidadania e de se resguardar o princípio da liberdade. A história do Brasil está repleta de movimentos dessa natureza, como na luta contra a ditadura, pela abertura democrática, pela anistia, pelas Diretas Já e pela saída de Collor. As ruas acolheram os gritos de descontentamento que levaram ao impeachment de um presidente. Um fato inédito desde a instauração da República.
Os avanços tecnológicos na área da informação e da comunicação, impulsionaram mudanças e a sociedade foi mudando as suas características. As redes sociais agora são protagonistas na mobilização e na convocação de ativistas. É o exercício de um direito inalienável de expressão que deve ser sempre garantido. Ajudam a robustecer a democracia, as manifestações legítimas, com propósitos voltados à conquista de direitos elementares e à melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Especialmente quando vemos formas inteligentes, criativas e patrióticas de manifestação.
Contribuem para o amadurecimento político e o avanço do nível de consciência das pessoas, principalmente, levando-se em conta a montanha de tributos que pagamos para o governo e a pequena contrapartida que recebemos em forma de obras e prestação de serviços públicos, na maioria das vezes, insuficientes, desordenados e de baixa qualidade. É válido e legítimo abraçar as causas de uma educação de qualidade, de uma assistência médica decente e de um transporte público eficiente, dentre muitas outras demandas sociais.
O brasileiro precisa protestar e exigir mais do governo as contrapartidas pelos impostos pagos. Quanto o governo arrecada e quanto investe na educação, na saúde e no transporte, por exemplo? As pessoas devem, no entanto, ter clareza em relação às formas e aos objetivos das manifestações. É necessário ter cuidado para não se deixar transformar em massa de manobra ou cair no conto da carochinha das reivindicações demagógicas, inconsequentes ou irreais como a tarifa zero no transporte coletivo.
O que é reprovável, porém, são manifestações públicas de protesto, que devem, necessariamente, ser pacíficas ganharem contornos de batalha campal, com direito à pancadaria, pedradas e depredação do patrimônio. Todo cidadão tem o direito de se manifestar, inclusive publicamente, sozinho ou reunido com outras pessoas, para festejar ou protestar, utilizando-se do espaço público. Numa democracia e mais precisamente na plenitude do estado democrático de direito, é direito conferido pela Constituição Federal brasileira, no inciso IV do art. 5º, do cidadão manifestar-se, articulando seu pensamento, restringindo a lei somente o anonimato.
A lei magna exatamente no inc. XVI do art 5º estabelece que todos podem reunir-se, daí o direito de reunião, “desde que pacificamente e sem armas”, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente.
A democracia garante a liberdade. Ela não se confunde com libertinagem ou baderna e os atos praticados pelo cidadão, mesmo durante uma manifestação coletiva, são de sua exclusiva responsabilidade. Cabe às autoridades e à classe política saberem interpretar a voz das ruas, cujo grito almeja, sobretudo, uma profunda mudança de comportamento dos mandatários no país, independente do seu vínculo partidário.
A grande preocupação, é que essas manifestações virem somente momentos de empolgação, ajuntamento de pessoas e aqui deixo meu desabafo. Não vamos mudar nada nesse país, somente indo para as ruas e fazendo manifestações. Foi válido todo esse movimento? Foi e muito, pois mostrou que a sociedade não está inerte e se mobilizou. Mesmo sabendo que o movimento está recheado de partidos e interesses políticos, não podemos descartar o poder da grande massa que está inserida nesse contexto, pessoas de bem que só querem um País melhor para viver. Precisamos muito mais do que promover manifestações. Essa juventude que está nas ruas, precisa muito mais do que que comprar duas embalagens de tinta guache e pintar o rosto de verde e amarelo, precisa muito mais do que comprar cartolinas e fazer cartazes. Precisa muito mais do que ser "revolucionários modernos" de redes sociais. É preciso um maior comprometimento com as causas políticas e sociais no Brasil. Essas manifestações deveriam ter ganho às ruas, quando o Brasil se candidatou a realizar uma copa do mundo e uma olimpíada. A população deveria ter dito NÃO,ter clamado pela resolução dos nossos problemas prioritários e não encher as areias de Copacabana e de diversas partes do país para comemorar essas "conquistas" como foi feito naquela época. Essas manifestações deveriam estar na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e no congresso Nacional quando foram votados e aprovados os orçamentos para a construção, reforma dos estádios e os demais gastos públicos com a copa do mundo.
Não adianta, a nossa geração ter na boca o discurso de apolíticos e de sem partidos, porque dessa forma nada será mudado em nosso país. A política e as decisões, são tomadas em nosso país democrático através dos partidos e os partidos são movimentados por pessoas. Os ideais defendidos pelos partidos, são formados por essas pessoas que ali estão inseridas. 
Todo esse descaso e os péssimos serviços públicos prestados a população Brasileira, se dá pelos anos de egoísmo e alienação de nossa sociedade nas questões políticas e sociais. Enquanto a maioria se preocupava com o futebol, os finais de novelas, reality shows e outros assuntos irrelevantes, a história continuou e enquanto a grande massa estava distraída, as mazelas foram crescendo. Foi o próprio comportamento apolítico e apartidário da maioria da população brasileira, que formou em nossa nação, esse câncer chamado corrupção. A ausência da participação popular na política, criou o descaso e deu o domínio do país aos políticos sem ideais populares. 
Me desculpem alguns jovens, mas muitos de nós somos apenas pessoas bem empolgadas e com excesso de energia, muitos de nós não temos o hábito de ler um diário oficial seja do município, do Estado ou da Nação. Muitos de nós não participamos de uma sessão na câmara de vereadores, não acompanhamos a vida política de nossas cidades,Estados e país, não procuramos tomar conhecimento dos gastos público e das decisões tomadas por  nossos governantes. Ir para as ruas com camisas e caras pintadas não deve ser o pilar principal de nossas ações. 
Volto a enfatizar, o movimento é legítimo e fez renascer a esperança no coração de nossa sociedade, mas não iremos mudar uma nação apenas com o fato de um povo ir para as ruas. Esse foi só o início. Precisamos continuar essa marcha sendo legítimos cidadãos Brasileiros, deixando de ser analfabetos políticos e usando a inteligência não só para cobrar os nossos direitos, mas também cumprir com nossos deveres. Precisamos mais do que nunca, romper com a indiferença política e se inserir nessas causas, militando o tempo todo com ações inteligentes e que tragam resultados concretos. 
Deixo uma mensagem aos nossos governantes, não ignorem as vozes das ruas. É preciso dar uma resposta a essa manifestação, mas não uma resposta oral e demagoga. É preciso construir no país, uma nova forma de governar.Os atuais governantes devem mostrar a nossa população, que ainda há respeito a ela. É preciso corrigir os problemas, romper com o descaso e iniciar uma série de ações que melhorem a vida de nosso povo. Que se levantem os corajosos para fazer valer a voz das ruas que nasceram no coração da nossa gente.


Vamos em frente. Rodrigão Oliveira